Morre Rita Lee, a rainha do rock brasileiro, aos 75 anos

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Cantora, compositora e escritora foi diagnosticada com câncer no pulmão em 2021, o qual tratava desde então. 

09/05/2023 — 12h55

Foto: Marco Senche / Wikimedia Commons

Morreu na noite de ontem, segunda-feira (8) aos 75 anos, a cantora, compositora e escritora Rita Lee, considerada a rainha do rock brasileiro. A informação foi confirmada pela família, através de um comunicado publicado nas redes sociais da artista. Ela morreu em sua casa em São Paulo "cercada de todo amor e de sua família, como sempre desejou", diz parte do comunicado. 

O velório será aberto ao público no Planetário do Parque Ibirapuera, em São Paulo, nesta quarta-feira (10), das 10h às 17h. "De acordo com a vontade de Rita, seu corpo será cremado. A cerimônia será particular. Neste momento de profunda tristeza, a família agradece o carinho e o amor de todos", diz a família. 

Rita Lee deixa o marido, Roberto de Carvalho, e três filhos - Beto, de 45 anos; João, de 44; e Antônio, de 42. 

Trajetória 

Nascida em 31 de dezembro de 1946, Rita Lee é uma de uma família de classe média paulistana, filha mais nova do dentista paulista descendente de norte-americanos, Charles Fenley Jones, e de Romilda Padula, também paulista, descendente de imigrantes italianos, Rita Lee  nasceu e cresceu no bairro da Vila Mariana, onde viveu até o nascimento de seu primeiro filho. 

Durante a infância, teve aulas de piano. Não pensava em ser cantora de rock, mas em ser atriz de cinema, veterinária ou a profissão que seu pai queria, dentista. Suas primeiras influências musicais foram Elvis Presley, Neil Sedaka, Paul Anka, Peter Paul and Mary, Beatles, Rolling Stones, mas também escutava música brasileira como Cauby Peixoto, Angela Maria, Tito Madi, João Gilberto, Emilinha Borba, Carmen Miranda, Dalva de Oliveira e Maysa. 

Na adolescência passou a se interessar por música, começando a compor suas primeiras canções. Junto de alguns amigos, começou a se apresentar em clubes da região como componente do Tulio's Trio. Em 1963, formou um conjunto musical com mais duas garotas, as Teenage Singers, que faziam pequenos shows em festas colegiais. No ano seguinte, elas conheceram o trio Wooden Faces. Nesse mesmo ano, fez sua primeira gravação, fazendo vocais para um álbum de Prini Lorez. Teenage Singers e Wooden Faces juntaram-se, formando o Six Sided Rockers, banda que depois se chamaria Os Seis que chega a gravar um disco compacto com duas músicas. Com a saída de três componentes, sobram Rita, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, que passam a se chamar Os Bruxos, mas por sugestão de Ronnie Von, o grupo altera seu nome para Os Mutantes. 

A banda foi fundamental para o tropicalismo, ao unir psicodelia aos ritmos locais, e tornaram o grupo brasileiro com maior reconhecimento entre músicos de rock do mundo, idolatrados por Kurt Cobain, David Byrne, Jack White, entre outros. 

O trio acompanhou Gilberto Gil em "Domingo no Parque" no 3º Festival de Música Brasileira da Record, em 1967, e Caetano Veloso em "É Proibido Proibir", no 3º Festival Internacional da Canção, da Globo, em 1968, dois marcos da tropicália.

A banda ainda participaria do álbum "Tropicália ou Panis et Circensis", de 1968, a gravação fundamental do movimento.  

Rita Lee participou do período mais relevante e criativo da banda, de 1966 a 1972, onde gravou cinco álbuns: "Os Mutantes" (1968), "Mutantes" (1969), "A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado" (1970), "Jardim Elétrico" (1971) e "Mutantes e Seus Cometas no País dos Bauretz" (1972). Acabou saindo do grupo após terminar seu relacionamento com o também integrante da banda, Arnaldo Baptista. 

Ela que já havia lançado um álbum solo, o "Build Up", de 1970, quando ainda estava nos Mutantes, lançou o álbum "Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida", em 1972, ainda gravado com o grupo. 

Pós-mutantes, tomou forma o grupo Tutti Frutti, no qual ela gravou cinco álbuns, com destaque para "Fruto Proibido", de 1975, que tinha a música "Agora Só Falta Você", um dos maiores sucessos da carreira de Rita. 

A partir de 1979, ela começa de vez a carreira solo em parceria com o seu marido, Roberto de Carvalho. Lançou um dos álbuns mais bem sucedidos, o "Rita Lee", no qual contava com grandes marcos da carreira de Rita, como "Mania de Você", "Chega Mais" e "Doce Vampiro". Já em 1980, viriam os sucessos "Lança Perfume" e "Baila Comigo". 

Por volta de 1991, ela começou um período de quatro anos separada de Roberto de Carvalho. O retorno foi em 1995, na turnê do álbum "A marca da Zorra", quando ela também abriu os shows dos Rolling Stones no Brasil. Em 1996, Rita e Roberto se casaram no civil após 20 anos juntos. 

Em 2001, Rita Lee ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa em "3001". Ela ainda teria mais cinco indicações ao prêmio. Em 2022, ela foi homenageada pelo Grammy com o prêmio Excelência Musical pelo conjunto da obra. 

Em 2012, ela anunciou sua despedida dos palcos, mas fez questão de afirmar que não seria a sua despedida da música. 

Ao longo da carreira, foram 40 álbuns lançados, sendo seis com Os Mutantes, e 34 solo. 

Em 2021, foi diagnosticada com um câncer no pulmão. Em 2022, seu filho Beto Lee, anunciou que ela estava curada. 

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