Documentário sobre os últimos anos de Ozzy Osbourne mostra um cantor fragilizado, mas vai muito além disso

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(Foto: Reprodução/Paramount+)

Na semana passada, o documentário ''Ozzy: No Escape From Now'' chegou ao catálogo da Paramount+, trazendo registros inéditos dos últimos anos da vida do cantor Ozzy Osbourne. 

Este documentário vinha sendo produzido desde 2021, com o consentimento de Ozzy e de toda a família dele. Por isso, ao longo desta obra, vemos vários depoimentos exclusivos, vindos não somente do cantor mas também de sua inseparável esposa (Sharon Osbourne), de alguns dos seus filhos e de diversos parceiros musicais ilustres que ele tinha  tais como Tony Iommi, Andrew Watt, Chad Smith, Tom Morello, Robert Trujillo, Zakk Wylde, Billy Corgan e Slash. 

Quem acompanhou bem a carreira de Ozzy sabe que, entre 2002 e 2005, a rotina familiar dele foi mostrada no reality show ''The Osbournes''. Duas décadas depois do fim desse programa, o novo documentário ''No Escape From Now'' nos proporcionou conferir momentos bem mais recentes da intimidade de Ozzy e, desta vez, quem nós vimos foi John Michael Osbourne - a pessoa por trás do rockstar. 

Durante as duas horas do documentário, nós observamos o ex-vocalista do Black Sabbath da maneira que ele viveu os seus últimos anos de vida - em um estado de saúde física extremamente fragilizado. Porém, a intenção desta obra não é causar tristeza nos espectadores, mas sim mostrar o quão grande era o amor que o cantor sentia por música. 

O ponto de partida da narrativa é o acidente doméstico que, em 2019, obrigou Ozzy a adiar todas as datas restantes da turnê ''No More Tours 2''. Porém, neste documentário, descobrimos que um erro médico acabou piorando muito a condição física do artista - a ponto d'ele passar a sentir dores constantes que foram ficando cada vez mais insuportáveis (e, na mesma época, veio também o diagnóstico de Mal de Parkinson). Com isso tudo, Ozzy começou a se sentir imprestável, entrou em depressão e só conseguiu voltar a se sentir bem quando teve contato com o mundo da música novamente. 

Em 2019, o produtor Andrew Watt convidou Ozzy para participar da música Take What You Want, de Post Malone. Isso tirou o príncipe das trevas de uma enorme fossa e, posteriormente, acabou levando ele a gravar dois álbuns de inéditas produzidos por Watt – os aclamados ''Ordinary Man'' (2020) e ''Patient Number 9'' (2022), onde Ozzy colaborou com Tony Iommi, Elton John, Robert Trujillo, Slash, Chad Smith, Taylor Hawkins, Duff Mckagan, Eric Clapton, Tom Morello, Jeff Beck e vários outros amigos célebres. 

No documentário, vemos imagens inéditas dos bastidores das gravações de ''Patient Number 9'' e do pocket show que ele realizou no intervalo de um torneio esportivo, em 2022. Nesses registros, fica evidente que, quando Ozzy estava trabalhando com música, ele sentia uma felicidade que, de alguma maneira, tornava suportável toda a dor física agoniante que ele estava sentindo. Porém, com o tempo, a saúde do cantor foi ficando cada vez pior - e isso o obrigou a cancelar de vez as datas da turnê ''No More Tours 2'' que haviam sido adiadas para 2023. 

Como Ozzy queria muito se despedir dos fãs, a frustração que ele sentiu ao ter que cancelar a turnê foi enorme - e, neste documentário, nós vemos que esse sentimento piorou, quando ele foi medicamente aconselhado a não cantar na sua própria cerimônia de indução ao Rock and Roll Hall of Fame (ocorrida em 2024). 

Cansada de ver o sofrimento do marido, Sharon Osbourne decidiu proporcionar um adeus apropriado dele aos palcos. Assim, nasceu o histórico evento ''Back to The Beginning'', onde milhares de pessoas se reuniram em Birmingham (cidade natal do cantor) para conferir um último show solo de Ozzy, uma última reunião dele com os ex-colegas do Black Sabbath e, também, pocket-shows de abertura onde nomes como Metallica, Slayer, Pantera, Guns n' Roses, Yungblud, Steven Tyler, Alice In Chains e Tom Morello homenagearam a trajetória do príncipe das trevas. Ozzy destinou toda a renda do evento a instituições de saúde que buscam tratamento contra o Mal de Parkinson - afinal, a lenda do metal não estava fazendo aquele show por dinheiro, mas sim por pura necessidade de se divertir nos palcos uma última vez e agradecer aos fãs por todo o carinho concedido ao longo de décadas.

17 dias após o “Back to The Beginning”, Ozzy veio a falecer... mas ele partiu com o sentimento de missão cumprida.

Saldo final

O documentário ''Ozzy: No Escape From Now'' só peca ao terminar muito apressadamente: por medo de ultrapassar as duas horas de duração, a diretora Tania Alexander acabou condensando os eventos do ''Back to The Beginning'' (e do pós-show) de maneira bastante insatisfatória. Tais eventos pediam um acréscimo de, no mínimo, meia hora a mais de documentário. 

Porém, todos os demais eventos-chave que Ozzy viveu, entre 2019 e 2025, são muito bem-abordados na obra de Tania. É maravilhoso ver diversos registros inéditos que mostram como foram os últimos anos de vida do cantor. Trata-se de um documentário que merece ser assistido por todos os fãs de Ozzy Osbourne, sem sombra de dúvidas. 

Confira o trailer: 


A coluna de Lucas Couto no Lages Diário tem o patrocínio de:

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