Audiência pública avalia a Festa do Pinhão 2025 e propõe novos caminhos para o evento

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Encontro na Câmara de Lages reuniu vereadores, representantes da Prefeitura e comunidade para discutir avanços, desafios e o futuro da principal celebração cultural na cidade. 

Foto: Maurício Santos / Arquivo Lages Diário

A Câmara de Vereadores de Lages promoveu, na noite da última quinta-feira (16), uma audiência pública destinada à avaliação da 35ª Festa Nacional do Pinhão, realizada em junho deste ano. O encontro, conduzido pelo presidente do Legislativo, vereador Mauricio Batalha Machado (Podemos), reuniu parlamentares, representantes do Poder Executivo, lideranças culturais e membros da comunidade para discutir os resultados da edição e sugerir melhorias para o próximo ano.

Segundo o proponente, a iniciativa teve como objetivo criar um espaço de escuta e reflexão sobre o modelo atual do evento. “A audiência pública não resolve todas as questões, mas permite que diferentes vozes sejam ouvidas e que encaminhamentos sejam propostos para o aprimoramento da Festa”, afirmou Mauricio, que classificou a celebração como um verdadeiro “Stammtisch Serrano”.

O vereador destacou pontos positivos, como o fortalecimento do Recanto do Pinhão e a realização da Sapecada da Canção Nativa no calçadão da Praça João Costa, além da boa estrutura e segurança observadas nos shows no Estádio Vidal Ramos Júnior (Tio Vida). No entanto, reconheceu a ausência do tradicional congraçamento de pessoas que marcava as edições realizadas no Parque Conta Dinheiro.

Mauricio defendeu ainda que o edital da próxima edição seja lançado com antecedência e contemple contrato plurianual, o que, em sua avaliação, garantirá maior segurança jurídica e permitirá que a empresa vencedora invista em planejamento, divulgação e na contratação de artistas de renome.

Propostas e reivindicações da comunidade

Entre as sugestões apresentadas, o músico e produtor cultural Luiz Carlos Macedo Júnior (Billy) defendeu a criação do Instituto Festa Nacional do Pinhão, proposta que já tramita no Legislativo por iniciativa do vereador Nixon (PL). A instituição, de caráter público, teria como objetivo transformar a Festa em uma política cultural permanente, garantindo acesso a leis de incentivo e a recursos de patrocínio.

Representantes da Associação do Comércio Ambulante de Lages (Acal) também participaram da audiência. Em suas manifestações, Silvia Martins, Elis Branco, Dariana de Liz e Franklin Andreoli elogiaram o diálogo mantido com a Prefeitura durante o processo de credenciamento, mas destacaram a necessidade de ampliar as oportunidades para comerciantes locais. “Queremos que o dinheiro gasto na Festa permaneça em Lages, fortalecendo a economia da cidade”, afirmou Silvia.

O garçom José Wanderley reforçou a crítica à utilização do Parque Conta Dinheiro em edições passadas, alegando falta de acessibilidade e de infraestrutura pública no local, e sugeriu que a área de alimentação seja transferida para o calçadão Túlio Fiúza.

Já o colunista Jean Carlo Lima (SC em Pauta) avaliou que o formato adotado em 2025 precisa ser repensado. Para ele, a ausência de um planejamento estratégico poderia comprometer o futuro da Festa: “Parece que não estamos falando de um evento nacional, mas de uma quermesse. É preciso humildade para ouvir quem já conduziu edições anteriores”, alertou.


Governo municipal reconhece desafios e aponta diretrizes

Representando o Executivo, a secretária de Administração, Fernanda Cristina Torres, reconheceu as dificuldades enfrentadas pela Prefeitura e afirmou que a realização da edição de 2025 foi um “ato de coragem”, após o fracasso de duas licitações anteriores. Ela reforçou a importância de construir um modelo sustentável e consolidado para o evento, além de ampliar o espaço destinado aos comerciantes locais. “Sabemos que há muito a melhorar, mas o importante é deixarmos um legado”, declarou.

A secretária de Turismo, Ana Vieira, ressaltou que a 35ª edição teve caráter comemorativo e buscou valorizar as raízes culturais, com destaque para as apresentações tradicionalistas e para as Sapecadas da Canção Nativa. Embora tenha enfrentado críticas, ela considerou acertada a mudança dos shows para o Estádio Tio Vida, citando melhorias em estrutura, limpeza e acessibilidade.

Recém-chegada da Oktober Summit, evento que reúne organizadores das maiores festas populares do país, Ana compartilhou três eixos estratégicos que devem nortear o futuro da Festa do Pinhão:

  • O lageano como protagonista, com valorização da cultura, geração de renda e fortalecimento das entidades locais;

  • O patrocinador como parceiro de propósito, vinculando marcas à tradição e à experiência comunitária;

  • O turista como agente de desenvolvimento, interessado em vivenciar a autenticidade cultural da Serra Catarinense.

“A Festa do Pinhão é um ativo de Lages e não podemos abrir mão disso. Nossa cultura, nossa gastronomia e nossas pessoas são inegociáveis”, afirmou a secretária, destacando que o objetivo não é rivalizar com outros eventos, mas construir um modelo próprio e representativo da identidade serrana. 

Debate segue aberto

A audiência pública demonstrou o interesse coletivo em preservar o legado da Festa Nacional do Pinhão, ao mesmo tempo em que busca um formato mais inclusivo, transparente e economicamente sustentável.

Entre críticas e sugestões, a principal conclusão compartilhada por autoridades e comunidade é a de que a Festa deve continuar sendo motivo de orgulho para os lageanos, fortalecendo sua vocação cultural e turística sem perder de vista sua essência popular.


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