“Adolescência" leva cinco estatuetas do Emmys 2025, saiba mais sobre a minissérie da Netflix

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Produção britânica foi a grande vencedora em números com cinco prêmios, a frente de séries como "O Estúdio" que ganhou em quatro e "The Pitt" que ganhou a principal categoria de melhor série dramática. 

Foto: Netflix / Divulgação

Quando a Netflix aposta em uma história curta e incômoda, o resultado às vezes explode além da tela — e isso é exatamente o que aconteceu com Adolescência. A minissérie britânica criada por Jack Thorne e Stephen Graham é curta (quatro episódios) mas longa em impacto: acompanha a queda vertiginosa de uma família quando um garoto de 13 anos é acusado do assassinato de uma colega, e usa o sobressalto do crime para mapear ansiedade, culpa e as linhas tortas da masculinidade na era digital. 


O que faz a série estourar no boca a boca — além do tema pesado — é a forma: cada episódio foi rodado em praticamente um único plano-sequência, o que converte tensão dramática em sufoco real. A câmera que não “respira” transforma corredores, interrogatórios e jantares em uma máquina de suspense íntimo; o público sente o passo de cada personagem e o peso de cada silêncio. É um artifício técnico que rendeu elogios da crítica e virou assunto entre diretores e fãs, mas também foi o responsável por fazer a produção ser indicada em 13 categorias do Emmy Awards (o "Oscar" da TV) e ganhar em cinco delas, desbancando séries como "Ruptura" e "O Estúdio" como a mais vencedora desta edição da premiação. 

O protagonista (e grande descoberta da série) é Jamie Miller, interpretado pelo jovem Owen Cooper — ator estreante cuja presença foi imediatamente apontada como um dos maiores trunfos da produção e que se tornou o mais jovem a ganhar um Emmy na categoria de melhor minissérie. Do outro lado, nomes consagrados como Stephen Graham (que também assina a criação) — e que também levou o Emmy neste ano —, Ashley Walters e Erin Doherty — outra ganhadora — ajudam a equilibrar a tensão entre o realismo doméstico e a investigação policial. A combinação de um rosto novo e veteranos experientes é parte do DNA do sucesso.


Mas Adolescência não é só “mais um drama criminal”: a série coloca o dedo em feridas contemporâneas — radicalização de jovens on-line, comunidades misóginas que circulam conteúdo tóxico e o papel da rede na formação (e deformação) de identidades. A discussão vai além do enredo: professores, psicólogos e jornalistas passaram a usar a série como ponto de partida para debates sobre proteção de menores e educação digital. Isso ampliou o alcance da série para além do entretenimento, transformando-a num espelho desconfortável do presente. 

No campo dos números, Adolescência estourou na plataforma logo após a estreia em março de 2025, chegando ao topo dos títulos mais vistos em dezenas de países e acumulando dezenas de milhões de horas assistidas nas semanas iniciais — desempenho que levou a conversas sobre expandir o universo da história, mesmo com o formato de minissérie. Fontes do mercado e veículos especializados noticiaram que a produção chamou a atenção até de companhias como a Plan B (de Brad Pitt), que entrou em conversas sobre possíveis desdobramentos.

No fim das contas, o que faz Adolescência colar na cabeça do público pop é essa mistura: técnica cinematográfica ousada (one-shot), performances que pegam pela garganta, e um tema que fala direto com gerações conectadas — e preocupadas. Não é confortável, mas é difícil desligar.

Vencedora no Emmy nas categorias de: 

  • Melhor série limitada ou antologia;
  • Melhor ator em série limitada ou antologia para Stephen Graham;
  • Melhor ator coadjuvante em série limitada ou antologia para Owen Cooper;
  • Melhor atriz coadjuvante  em série limitada ou antologia para Erin Doherty; 
  • Melhor roteiro em série limitada ou antologia para Jack Thorne e Stephen Graham. 



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