O mexicano Guillermo Del Toro é, certamente, um dos melhores diretores/roteiristas autorais do século XXI. Em filmes como ''O Labirinto do Fauno'' (2006) e ''A Forma Da Água'' (2017), ele demonstrou ter uma capacidade incrível de criar ótimas histórias originais, mas, no stop-motion ''Pinóquio'' (2022), ele provou que também possui outro talento: o de imprimir a própria ''assinatura'' em uma história extremamente conhecida, trazendo coisas novas a ela e aprimorando-a maravilhosamente. Ao ser lançado na Netflix, o Pinóquio de Del Toro foi mundialmente aclamado e rendeu, até mesmo, o Oscar de Melhor Animação daquele ano — com isso, o diretor decidiu investir mais nessa fórmula de adaptações e acabou decidindo que uma releitura de ''Frankenstein'' (livro de 1818 lançado por Mary Shelley) seria o seu projeto seguinte.
Em diversas entrevistas recentes, Del Toro revelou que adaptar ''Frankenstein'' era um sonho de infância, pois, quando ele assistiu na TV ao famoso filme homônimo de 1931, percebeu rapidamente que a história de Victor Frankenstein e sua criatura poderia ser contada de várias maneiras (aliás, esse pensamento é tão correto que, ao longo dos últimos 207 anos, o livro de Mary Shelley já inspirou centenas de filmes, peças de teatro e séries de televisão com abordagens diferentes).
A releitura de Guillermo Del Toro para ''Frankenstein'' chegou no catálogo da Netflix, nesta sexta-feira (07/11), após uma curta temporada em cinemas selecionados. Nessa nova versão, acompanhamos novamente o egocêntrico cientista Victor Frankenstein (aqui, interpretado por Oscar Isaac, de ''Cavaleiro da Lua'') em seu objetivo de criar vida artificialmente, na forma de um monstro (aqui, vivido pelo jovem Jacob Elordi, de ''Euphoria''). Porém, o roteiro deste remake não é tão focado no objetivo megalomaníaco que Victor possui de ''brincar de Deus''... ao invés disso, o foco é explorar a relação complicada de pai-filho existente entre o criador e a sua criatura.
Através dos dois personagens principais, Del Toro aborda temas como abandono paternal e traumas de criação. Além disso, o diretor criou personagens novos como Lady Elizabeth Harlander (Mia Goth) e Henrich Harlander (Christoph Waltz), com o intuito de discutir temas como Complexo de Édipo e relações de exploração trabalhista — sem dúvidas, são decisões ousadas de roteiro, mas elas podem acabar agradando aos espectadores menos desprendidos à história do livro.
Obviamente, esse novo ''Frankenstein'' conta com a deslumbrante estética gótica característica dos filmes de Guillemo Del Toro. Porém, mesmo com os visuais dark, esse remake é bem mais pautado no drama familiar do que no terror — o que não choca aqueles que conhecem o trabalho do diretor... afinal, Del Toro é muito conhecido por obras que unem estética gótica e sentimentalismo.
Segundo o site Rotten Tomatoes, este novo ''Frankenstein'' conta com a aprovação de 85% da crítica especializada e 95% do público geral.
Confira o trailer:
A coluna de Lucas Couto no Lages Diário tem o patrocínio de:
