Morre o cantor Lô Borges – um dos gênios por trás do ''Clube da Esquina''

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Infelizmente, a semana começou com uma enorme perda para a música brasileira: acaba de ser anunciado que o cantor, compositor e multi-instrumentista Lô Borges morreu na noite de ontem (02/11), em decorrência de uma falência múltipla de órgãos. Ele tinha 73 anos e estava internado em um hospital de Belo Horizonte, há alguns dias, pois havia sofrido uma intoxicação medicamentosa. Mais detalhes sobre isso ainda não foram revelados à imprensa. 

Lô foi um dos integrantes do ''Clube da Esquina'' — um movimento de união musical que, no início da década de 1970, revelou artistas mineiros como ele, Milton Nascimento, Márcio Borges, Fernando Brant, Ronaldo Bastos e Beto Guedes. A carreira profissional de Lô começou quando as músicas ''Para Lennon e McCartney'' e ''Clube da Esquina'' (que ele havia composto em parceria com Milton Nascimento) foram lançadas no álbum ''Milton'' (1970), mas a estreia fonográfica dele como cantor aconteceu em 1972, quando ele, Milton, Márcio Borges, Fernando Brant e Ronaldo Bastos lançaram o álbum colaborativo ''Clube da Esquina''. Nesse trabalho aclamadíssimo, Lô participou da composição de 19 das 21 faixas e atuou como vocalista solista em clássicos como ''O Trem Azul'', ''Cravo e Canela'', ''Um Girassol da Cor do Seu Cabelo'', ''Trem de Doido'' e ''Paisagem da Janela''. 

                           A capa do icônico álbum ''Clube da Esquina'' 


Até hoje, ''Clube da Esquina'' é amplamente reconhecido como um dos melhores álbuns brasileiros de todos os tempos (tanto que já foi descrito como tal em publicações de veículos especializados como a Paste Magazine, a Revista Rolling Stone, o podcast Discoteca Básica e o Estadão), mas Lô também lançou outros 16 álbuns de estúdio, ao longo de sua carreira — e, com eles, vieram sucessos como ''Equatorial'', ''A Via Láctea'', ''Eu Sou Como Você É'', “Sonho Real” e ''Vento de Maio''. Desde 2019, o artista vinha lançando um disco de inéditas por ano. 

Além disso, Lô sempre atuou bastante como compositor contratado e ajudou a criar algumas canções icônicas para outros artistas — vide ''Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor'' (Milton Nascimento) e ''Dois Rios'' (Skank). 

A importância dele para a música brasileira fica extremamente nítida quando percebemos que nomes como Milton Nascimento, Samuel Rosa, Tom Jobim, Elis Regina, Nando Reis, Beto Guedes, Fernanda Takai, Zeca Baleiro, Terno Rei, Caetano Veloso, Toninho Horta, 14 Bis, Ronaldo Bastos, Arnaldo Antunes, Flávio Venturini e Paulinho Moska já trabalharam ao lado de Lô Borges e/ou regravaram alguma das músicas dele. Além disso, artistas estrangeiros do naipe de Arctic Monkeys e Thundercat também já citaram ele como uma grande referência. 


A notícia da morte de Lô Borges vem poucos meses após Milton Nascimento ter sido diagnosticado com a chamada “Demência Com Corpos de Lewy”. Infelizmente, 2025 será lembrado como o triste ano que derrubou os dois pilares principais do Clube da Esquina. 




A coluna de Lucas Couto no Lages Diário tem o patrocínio de:


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