Fotógrafo morreu aos 81 anos em Paris; legado inclui registros históricos e trabalho para restauração da Mata Atlântica.
23/05/2025 — 12:51
Sebastião Salgado, considerado o maior fotógrafo brasileiro e um dos mais respeitados nomes da fotografia mundial, morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, em Paris, na França, onde residia. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, organização ambiental fundada por ele e sua esposa, Lélia Deluiz Wanick Salgado.
Reconhecido por seu olhar humanista e por retratar dramas sociais e ambientais com intensidade e sensibilidade, Salgado deixa um legado imensurável para o fotojornalismo mundial. Ele percorreu mais de 120 países, registrando a realidade de trabalhadores, migrantes, refugiados, conflitos e a natureza em sua essência. Entre seus projetos mais emblemáticos estão as séries “Trabalhadores”, “Êxodos” e “Gênesis”.
Nascido em Aimorés, no interior de Minas Gerais, em 1944, Sebastião Salgado formou-se em economia antes de descobrir sua vocação pela fotografia, em 1973. A partir daí, transformou sua lente em ferramenta de denúncia e reflexão, documentando temas urgentes e universais.
Sua série mais icônica talvez seja a que retratou a realidade de Serra Pelada, garimpo de ouro no Pará nos anos 1980. As imagens em preto e branco, que mostram milhares de homens escalando encostas de barro, ficaram marcadas como um retrato cru da desigualdade e da esperança de uma vida melhor.
Além da fotografia, Salgado também foi uma voz ativa em prol do meio ambiente. Em 1998, fundou com a esposa o Instituto Terra, dedicado à restauração da Mata Atlântica. A iniciativa transformou áreas degradadas em florestas exuberantes, tornando-se um exemplo de sustentabilidade e compromisso com o futuro do planeta.
Neste sábado (24), o fotógrafo participaria do vernissage de vitrais criados por seu filho Rodrigo, portador de síndrome de Down, para uma igreja em Reims, na França. Na véspera, cancelou sua participação em um encontro com jornalistas, alegando problemas de saúde.
Sebastião Salgado será lembrado não apenas como um mestre da fotografia, mas como um ativista da imagem, cuja obra uniu arte, denúncia e amor pela humanidade e pela natureza.