A operação mobilizou cerca de 2.500 policiais civis e militares, com o objetivo de capturar lideranças criminosas e conter o avanço territorial da facção Comando Vermelho. Entre os mortos, estão quatro policiais.
A megaoperação de segurança deflagrada nas primeiras horas desta terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, alterou drasticamente a rotina da capital fluminense e gerou repercussões nacionais. O governo estadual confirmou que a ação, denominada Operação Contenção, já contabiliza 64 mortes, incluindo quatro agentes das forças de segurança, e mais de 80 prisões. A operação representa a maior ofensiva policial no estado em 15 anos e a mais letal já registrada, superando o episódio do Jacarezinho, em 2021.
As incursões mobilizaram cerca de 2,5 mil policiais civis e militares, com o objetivo de capturar lideranças criminosas e conter o avanço territorial da facção Comando Vermelho. De acordo com o Palácio Guanabara, mais de 75 fuzis, além de pistolas, granadas e grande quantidade de drogas, foram apreendidos durante as ações. Parte dos detidos seria oriunda de facções do Pará que estariam escondidas na capital.
Impactos na cidade e uso de armamentos sofisticados
Os confrontos armados provocaram bloqueios em importantes vias expressas, como a Linha Amarela e a Avenida Brasil, com reflexos diretos no transporte público. A Rio-Ônibus informou que mais de 50 coletivos foram utilizados como barricadas por criminosos em diferentes regiões. Ruas de bairros como Jacarepaguá, Méier e Engenho Novo também registraram interdições temporárias.
A ofensiva criminosa incluiu o uso de drones equipados com explosivos, segundo informações divulgadas pela Polícia Militar. Medidas de segurança adotadas por instituições de ensino, como UFRJ, Uerj e unidades da Faetec, levaram à suspensão de atividades acadêmicas ao longo do dia. O município entrou em estágio 2 de atenção devido ao risco de eventos de alto impacto.
Divergências e cobranças por cooperação
Os efeitos da operação desencadearam intenso debate político. O governador Cláudio Castro (PL) reconheceu que as ações ultrapassaram as atribuições do estado, justificando o cenário como um “contexto de guerra” contra o narcoterrorismo. Castro declarou que o Rio atua “sozinho” e voltou a cobrar apoio federal, inclusive com possível participação das Forças Armadas em futuras ações. O Ministério da Justiça, no entanto, afirmou que não recebeu qualquer solicitação para reforço específico na operação desta terça-feira e destacou que o governo federal mantém diversas frentes em apoio à segurança pública fluminense desde 2023.
A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União pediram explicações formais sobre de que maneira os direitos à segurança pública foram garantidos no contexto da operação.
Reações no Legislativo
A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), por meio da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, reivindicou transparência total sobre as circunstâncias da operação e demonstrou preocupação com o elevado número de mortos. A deputada Dani Monteiro (PSOL) classificou a ação como um episódio de “barbárie” e afirmou que o Estado não pode agir como se houvesse pena de morte em territórios periféricos.
No âmbito federal, os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Davi Alcolumbre e Hugo Motta, divulgaram pronunciamentos reafirmando o compromisso com o fortalecimento das políticas de segurança pública. Alcolumbre destacou a aprovação, pelo Senado, de projeto que endurece o enfrentamento à criminalidade organizada. Motta disse que novos projetos sobre o tema deverão ser priorizados na pauta legislativa da Câmara.
Expansão do Comando Vermelho
Estudos recentes produzidos pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em parceria com o Instituto Fogo Cruzado apontam que o Comando Vermelho ampliou seu domínio territorial entre 2022 e 2023 no Grande Rio, passando a responder por mais da metade das áreas sob controle de organizações criminosas. A escalada do grupo é apontada pelas autoridades como um dos fatores que motivaram a intensificação das ações policiais.
*Com informações da Agência Brasil


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