Dia do Orgasmo é celebrado nesta quinta-feira (31).
31/07/2025 — 00:00
Por que ainda sentimos vergonha de falar sobre prazer? Apesar dos avanços na liberdade sexual e no acesso à informação, o orgasmo — especialmente o feminino — continua sendo um tema cercado de mitos, silêncios e constrangimento. Neste 31 de julho, quando se celebra o Dia do Orgasmo, especialistas reforçam a importância de quebrar esse tabu, que afeta diretamente o bem-estar físico, emocional e relacional de milhões de brasileiros.
Educação sexual falha e herança cultural
A repressão ao prazer tem raízes profundas. No Brasil, a educação sexual formal ainda é limitada e muitas vezes marcada por um viés moralista. Pesquisa do laboratório Organon revelou que 55% das brasileiras afirmam que a vagina é a parte do corpo que menos conhecem. Outro dado alarmante: 35% ouviram na infância que tocar a região íntima era algo sujo ou vergonhoso.
Essa desinformação se traduz em dificuldade de autoconhecimento e, por consequência, em desafios para atingir o clímax durante o sexo.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O "gap do prazer": mulheres ainda gozam menos
Um estudo da USP apontou que cerca de 55% das mulheres brasileiras não chegam ao orgasmo durante as relações sexuais. Enquanto isso, dados internacionais mostram que homens héteros têm orgasmo em mais de 90% das vezes. O desequilíbrio ficou conhecido como “orgasm gap” (lacuna do orgasmo).
Mais grave ainda: muitas mulheres fingem. De acordo com levantamento da consultoria Hibou, 75% das brasileiras já simularam orgasmo para agradar o parceiro ou encerrar logo a relação.
Tabu silencioso também entre os homens
Embora a discussão sobre prazer feminino seja mais urgente, o silêncio também atinge os homens. Segundo médicos especialistas em sexualidade, 33% dos homens também relatam dificuldades ou queixas na vida sexual, incluindo disfunção erétil, ejaculação precoce e falta de satisfação. No entanto, o orgulho ou o medo de parecer "fraco" ainda impedem muitos de buscar ajuda.
Consequências do silêncio
O orgasmo não é apenas uma questão de prazer. Sua ausência ou dificuldade afeta a saúde de forma ampla. Estudos mostram que o clímax libera hormônios como endorfina e oxitocina, que ajudam a reduzir o estresse, melhorar o sono e aumentar a sensação de bem-estar.
Além disso, a frustração sexual constante pode gerar quadros de ansiedade, baixa autoestima, depressão e até tensões em relacionamentos afetivos.
Caminhos possíveis
O primeiro passo, segundo especialistas, é normalizar o assunto. Falar sobre orgasmo não é vulgar — é saúde. A educação sexual nas escolas é apontada como um caminho essencial, assim como o estímulo ao autoconhecimento, incluindo a masturbação e o diálogo franco entre parceiros.
Algumas iniciativas como rodas de conversa, oficinas de sexualidade e grupos têm buscado preencher essas lacunas, oferecendo espaços seguros para compartilhar experiências e tirar dúvidas.
Dia do Orgasmo: mais que uma data simbólica
Criado inicialmente por iniciativa de sex shops na Europa, o Dia do Orgasmo se transformou em uma oportunidade global para refletir sobre o direito ao prazer. Mais do que celebrar, a data convida a repensar: por que, ainda hoje, falar de orgasmo incomoda tanto?
Enquanto a resposta para isso não é simples, especialistas concordam em uma coisa: o prazer não pode mais ser tratado como um luxo — ele é parte da saúde integral e da dignidade de qualquer pessoa.
.gif)