Mujica era um dos principais líderes da esquerda latino-americano.
13/05/2025 — 20:27
José "Pepe" Mujica, ex-presidente do Uruguai e símbolo da esquerda latino-americana, faleceu nesta terça-feira, 13, aos 89 anos, em sua residência no Cerro de Montevidéu. A causa da morte foi um câncer no esôfago, diagnosticado em abril de 2024, que evoluiu para metástase hepática no início deste ano.
Uma batalha enfrentada com dignidade
Desde o diagnóstico, Mujica enfrentou a doença com serenidade e franqueza. Em janeiro de 2025, anunciou publicamente que o câncer havia se espalhado e que, devido à sua idade avançada e a doenças crônicas, não se submeteria a tratamentos agressivos. "Estou morrendo. O guerreiro tem direito ao seu descanso", declarou em entrevista ao semanário Búsqueda.
Mujica expressou o desejo de ser enterrado no jardim de sua casa, ao lado de sua cadela Manuela, sob uma árvore que ele mesmo plantou.
Trajetória de luta e simplicidade
Nascido em 1935, Mujica foi guerrilheiro do Movimento de Libertação Nacional Tupamaros nos anos 1960 e passou 13 anos preso durante a ditadura militar uruguaia. Após a redemocratização, ingressou na política institucional pelo Frente Ampla, sendo eleito deputado, senador e ministro da Agricultura.
Entre 2010 e 2015, presidiu o Uruguai, implementando reformas progressistas como a legalização do aborto, do casamento igualitário e da maconha. Conhecido por seu estilo de vida austero, recusou viver no palácio presidencial, optando por sua chácara, onde cultivava hortaliças e flores ao lado da esposa, Lucía Topolansky.
Legado e homenagens
A morte de Mujica gerou comoção internacional. Líderes como Yamandú Orsi, presidente do Uruguai, e Pedro Sánchez, presidente do governo da Espanha, destacaram seu compromisso com a justiça social e a democracia.
Pepe Mujica deixa um legado de coerência, humildade e dedicação ao bem comum, sendo lembrado como um dos líderes mais autênticos e inspiradores da política contemporânea.