Morre aos 87 anos, Alzira da Silva, a Tia Bira, a 'supermãe' lageana

Tia Bira, tinha 87 anos, e seu corpo está sendo velado na Capela Anjo da Guarda, no bairro Triângulo, na região central de Lages. 

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26/01/2022 - 19h48

Tia Bira a supermãe lageana. (Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação)

LAGES — Morreu nesta quarta-feira, 26, aos 87 anos, Alzira da Silva, a Tia Bira, considerada uma supermãe lageana de coração que acolheu praticamente sozinha mais de centena de órfãos ou filhos de mães solteiras que não tinham condições de criá-los ao longo de sete décadas em sua casa, localizada no bairro Triângulo, na região central de Lages. 

O corpo de Tia Bira está sendo velado desde às 15h na Capela Anjo da Guarda, no bairro Triângulo, na região central de Lages. 

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Trajetória

Filha de mãe solteira, com 18 anos, Alzira deixou a diversão de lado e passou a ajudar a criar cinco crianças adotadas por sua mãe. Com a morte de sua mãe, Tia Bira, aos 26 anos, assumiu a responsabilidade por essa criação e também de sua irmã biológica mais nova. Para manter as crianças, que a cada vez chegavam mais até atingir a marca de 53 acolhidas ao mesmo tempo, ela contava com doações financeiras, de alimentos, roupas e calçados, mesmo que escassas na maior parte do tempo. Ao longo dos anos, campanhas beneficentes auxiliaram a causa e mais pessoas ajudaram, inclusive professores na educação das crianças. 

O Lar de Amparo Tia Bira, como era conhecido, passou por diversos bairros até a mudança definitiva logo no início da década de 1970, quando fixou-se na rua Dom Joaquim do Arco Verde, no bairro Centenário, na zona Sul de Lages. Em frente a sua casa, fica localizada a creche municipal que leva o seu nome, administrada pela Prefeitura de Lages, através da Secretaria Municipal da Educação. 

A Câmara dos Vereadores de Lages emitiu nota de pesar e destacou a importância de Tia Bira para a sociedade lageana, especialmente para essas mais de centena de crianças que passaram por seus cuidados, entre eles, está o vigilante da Câmara há 20 anos, Rafael da Silva, o Bugre, que foi o único dos filhos adotivos registrados por Tia Bira, por ser de naturalidade estrangeira, o que caso não fosse registrado, seria obrigado a voltar ao seu país de origem. 

"Ela deu para nós todo o carinho para formar o homem que sou hoje, de tudo que eu tenho, minha família, a educação, um cara responsável e trabalhador. Este foi o descanso dela e só tenho a agradecer, por mim e todos os meus irmãos", destaca Rafael, que viveu por 21 anos na casa da Tia Bira até casar e constituir família. 

Ao longo de suas quase nove décadas de vida, Tia Bira recebeu diversas homenagens, como o Diploma de Honra ao Mérito da Câmara Municipal de Lages em 1989, e o Diploma Mulher 89, no mesmo ano, da entidade Lar das Meninas em conjunto com o Clube 14 de Junho.