Fenômeno aconteceu a
cerca de 390 milhões de anos-luz da Terra.
Por PEDRO PEDUZZI
da AGÊNCIA BRASIL,
Brasília/DF
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📷 NASA / Divulgação |
A Agência Espacial dos
Estados Unidos (NASA) anunciou, nesta semana, ter encontrado o que considera
ser “a maior explosão já vista no Universo”. Ela foi detectada no aglomerado de
galáxias Ophiuchus, que fica a cerca de 390 milhões de anos-luz da Terra.
De acordo com os
astrônomos, uma “erupção gigantesca e recorde” atingiu um buraco negro em um
aglomerado de galáxias distantes. A descoberta foi possível a partir de dados
de raios-X dos observatórios de Raios-X Chandra, da NASA; XMM-Newton, da
Agência Espacial Europeia; Murchison Widefield Array, na Austrália; e do
Telescópio Gigante de Rádio Metrewave, na Índia.
“De certa forma, essa
explosão é semelhante à forma como a erupção do Monte St. Helens, em 1980,
arrancou do topo da montanha”, disse Simona Giacintucci, do Laboratório de
Pesquisa Naval, em Washington, DC. Simona é a principal autora do estudo. “Uma
diferença fundamental é que você poderia colocar quinze galáxias da Via Láctea
seguidas na cratera, essa erupção perfurou o gás quente do aglomerado”, acrescentou.
A quantidade de energia
necessária para criar a cavidade em Ophiuchus é cerca de cinco vezes maior que
o recordista anterior (MS 0735 + 74), e centenas e milhares de vezes maior que
os aglomerados típicos em outras galáxias.
No centro do aglomerado
de Ophiuchus, há uma grande galáxia que contém um buraco negro supermassivo. Os
pesquisadores pensam que a fonte da erupção gigantesca é esse buraco negro.
Segundo a NASA, apesar de
os buracos negros serem famosos por puxar material em sua direção, eles
geralmente expelem “quantidades prodigiosas de material e energia”. Isso
acontece quando a matéria que cai em direção ao buraco negro é redirecionada
para jatos ou vigas, que explodem no espaço e se chocam com qualquer material
circundante.
As primeiras dicas sobre
a explosão gigante no aglomerado de galáxias Ophiuchus ocorreram durante
observações de Chandra relatadas em 2016, quando foi descoberta de uma “borda
curva incomum” na imagem Chandra do cluster.
Na época, os observadores
suspeitaram que isso representava parte da parede de uma cavidade no gás quente
criado por jatos do buraco negro supermassivo. No entanto, eles descartaram
essa possibilidade, em parte porque seria necessária uma enorme quantidade de
energia para o buraco negro criar uma cavidade tão grande.
No entanto, o último
estudo de Giacintucci e seus colegas mostrou que “uma enorme explosão ocorreu
de fato”.
Primeiro, eles mostraram
que a aresta curva também é detectada por XMM-Newton, confirmando a observação
Chandra. O avanço crucial, para confirmar as suspeitas, ocorreu a partir de
novos dados de rádio do MWA e dos arquivos GMRT, mostrando que a borda curva é
realmente parte da parede de uma cavidade, uma vez que faz fronteira com uma
região cheia de emissão de rádio e com a constatação de que havia elétrons
acelerados até quase a velocidade da luz.
“Essa aceleração
provavelmente se originou do buraco negro supermassivo”, informou a NASA por
meio de nota. "Os dados do rádio cabem dentro dos raios-X como uma mão em
uma luva", disse o co-autor Maxim Markevitch, do Centro de Vôo Espacial
Goddard da NASA, em Greenbelt, Maryland. "Este é o argumento decisivo que
nos diz que uma erupção de tamanho sem precedentes ocorreu aqui".
Ainda de acordo com a
agência norte-americana, a erupção do buraco negro deve ter terminado porque os
pesquisadores não veem nenhuma evidência de jatos atuais nos dados de rádio.
Esse desligamento pode ser explicado pelos dados de Chandra, que mostram que o
gás mais denso e mais frio visto nos raios-X está atualmente localizado em uma
posição diferente da galáxia central.
Se esse gás se afastar da
galáxia, terá privado o buraco negro de combustível para o seu crescimento,
desligando os jatos.
O Marshall Space Flight
Center da NASA gerencia o programa Chandra. O Centro de Raios-X Chandra do
Observatório Astrofísico Smithsonian controla as operações científicas e de vôo
de Cambridge e Burlington, Massachusetts.
*Com
informações da Nasa