Promovida pela Ibram
(Instituto Brasileiro de Museus), a Primavera de Museus chegou à sua 13ª edição
com o tema “Museus por dentro, por dentro dos museus”.
Por FABRICIO
FURTADO e RAFAEL RODRIGUES da FCL,
Lages/SC
📷 Fabricio Furtado / FCL |
A Primavera de Museus é
um evento nacional que promove os espaços de memória de todo o país através de
diversas atividades, sempre respeitando a característica de cada lugar e suas
pessoas. Lages possui diversos locais de preservação e exaltação do passado. A
prefeitura de Lages, através da Fundação Cultural de Lages (FCL) gerencia dois
equipamentos culturais com essas finalidades, o Memorial Nereu Ramos e o Museu
Histórico Thiago de Castro (MHTC).
Promovida pelo Ibram
(Instituto Brasileiro de Museus), a Primavera de Museus chegou à sua 13ª edição
com o tema “Museus por dentro, por dentro dos museus”, ficando a cada Museu os
critérios de como realizar a interação com suas comunidades. As equipes do MHTC
e do Memorial Nereu Ramos optaram por, além de receber as visitas tradicionais,
levar para algumas escolas da rede municipal de ensino como é o trabalho
realizado em Lages, e mais especificamente, contar um pouco da história de
Lages através do teatro. Além das apresentações nas escolas Jardelina Furtado e
Aristorides Machado de Melo, no bairro Penha, Manoel Thiago de Castro, no Santa
Clara, Mutirão, no bairro Habitação, o grupo visitou a ALAM (Associação Lageana
de Assistência ao Menor) e fez sua última apresentação no Auditório Mário
Augusto de Sousa na FCL na quarta-feira (2 de outubro) para um público formado
por crianças da Escola Criança Feliz, um grupo do CAPS 2 (Centro de Atendimento
Psicossocial) e visitantes da comunidade.
Um
grupo teatral nascido do acervo documental dos museus
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📷 Fabricio Furtado / FCL |
Eles fazem parte do
quadro de servidores municipais da Prefeitura de Lages, são pessoas que
trabalham nos bastidores dos equipamentos culturais da FCL em diversas funções.
Junto a eles, pesquisadores que também fazem uso do acervo documental da
Biblioteca Pública Carlos Dorval de Macedo, Memorial Nereu Ramos e Museu
Histórico Thiago de Castro, estão inseridos a diversas denominações que não, de
forma precisa inclui “atores de teatro” como atribuição.
A ideia desse time surgiu
no início do ano na elaboração de conteúdo para a Semana de Museus – que também
é promovida pelo Ibram. A proposta era criar vida para personagens da história
de Lages que estavam, até então, inanimados nos acervos bibliográficos e
fotográficos dos museus da cidade. De forma simples, mas cheia de criatividade,
a peça “Descobertas no Museu”, através de seus servidores e pesquisadores
voluntários mostra para o público Antonio Correia Pinto de Macedo e o seu
capataz, Baselissa Alves de Brito (a doadora de um dos sinos da catedral),
Anita Garibaldi, e os escravizados e benzedores Tio Banga (Pai João) e Dona
Euzébia, a mulher centenária que trazia a pé de São José do Cerrito para Lages,
um cesto na cabeça cheio de frutas e verduras.
“A versão original tinha
uma representação do Virgulino e o Boneco Juquinha, famosos nos tempos antigos
da rádio clube, mas para essas apresentações da Primavera não podemos contar
com nosso ator voluntário. Foi aí que a Anita Garibaldi entrou na peça”, conta
Paulo Guasselli que é auxiliar administrativo do Museu e faz a vez de
apresentador do “Descobertas”.
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📷 Fabricio Furtado / FCL |
Marelise Colussi é
servidora municipal e trabalha na Praça do CEU (Estação Cidania) no bairro
Universitário. Ela, que fez o papel da dona Baselissa é categórica ao afirmar
que interpretar uma rica senhora da alta sociedade lageana nunca passou pela
sua cabeça. “O convite partiu dos meus colegas do museu. A Dona Baselissa,
apesar das suas posses, foi uma pessoa importante na construção da história da
cidade e no auxílio aos mais necessitados. Vendeu suas terras para comprar um
dos sinos da catedral, ajudou na construção do Hospital Nossa Senhora dos
Prazeres e na Igreja do Distrito de Índios. Enfim, não é só representar uma pessoa
essa tão importante missão, mas a gente acaba aprendendo muito sobre as nossas
origens”, diz.
O pesquisador Sérgio
Lamartine é um dos voluntários dos museus, na peça, ele representou o
escravizado Pai João, ou Tio Banga, como era mais conhecido. “A história dos
escravizados em Lages vai muito além do que a gente imagina, é preciso ir ao
museu para saber mais. Com o teatro, nós conseguimos despertar nas pessoas,
principalmente nas crianças, como a vida do escravizado na nossa cidade foi tão
importante na formação da identidade cultural da região”, diz.
Os bastidores para que a
encenação e a Primavera de Museus chegassem ao público contam com mais pessoas.
Dentro do MHTC, Letícia Costa, Dona Gorete, Daniela Berretta, Andreia Rodrigues
e também os integrantes do teatro fizeram as decorações da sala de cinema e
do hall do
museu para receber os visitantes.
A próxima ação da equipe
do MHTC é o planejamento para as comemorações de uma data muito especial. Em
dois de dezembro de 2019, o idealizador do Museu Histórico Thiago de Castro,
Danilo Thiago de Castro faria 100 anos. Para o superintendente da FCL, Giba
Ronconi, a data vai ser mais um exemplo da importância da iniciativa do Senhor
Danilo. “O objetivo dos museus são plurais e não há como não relacionar com as
ideias de Danilo, mostrar ao povo os nossos capítulos através cartas, fotos,
objetos e documentos. Por isso, devemos valorizar o seu trabalho tão bem
continuado pelas nossas equipes”, acredita.
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📷 Fabricio Furtado / FCL |
📷 Fabricio Furtado / FCL |