Morre Hermeto Pascoal – o ''bruxo'' brasileiro do Jazz e do Forró

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Infelizmente, neste sábado (13/09), o compositor e multi-instrumentista Hermeto Pascoal morreu, aos 89 anos de idade. Ele estava internado em um hospital do Rio de Janeiro, por conta de uma fibrose pulmonar, e a notícia da morte dele foi anunciada nas redes sociais.


Nascido em Arapirica (Alagoas), Hermeto é mundialmente reconhecido como um dos maiores expoentes da música instrumental. Ele tocava teclados, sanfona, flauta, trompete, violão, clarinete, pandeiro e escaleta maravilhosamente bem, mas ganhou o apelido de ''Bruxo'' pois costumava tirar sons surpreendentes utilizando, não apenas instrumentos musicais convencionais, como também objetos bastante inusitados: Hermeto já gravou músicas utilizando chaleiras, copos d' água, panelas, pratos, fios de sua própria barba, brinquedos de borracha, sugadores odontológicos e a água de uma lagoa, por exemplo. 




Estima-se que Hermeto Pascoal tenha composto mais de 10 mil músicas instrumentais, durante a sua vida. Muitas delas foram lançadas ao longo dos 26 álbuns que ele gravou, enquanto outras foram lançadas em livros de partitura ou em trabalhos de outros artistas (em 1971, Hermeto chegou a ter três de suas composições gravadas por Miles Davis, mas o trompetista americano atribuiu os créditos das músicas a si mesmo, desonestamente... foi um fato bastante polêmico, mas, infelizmente, não foi a última vez que alguém plagiou o “bruxo” brasileiro: em 1992, a música-tema do desenho ''X-Men'' indignou muitos ouvintes, por conta da sua descarada semelhança com ''Papagaio Alegre'', de Hermeto). 




Ao longo dos seus 75 anos de carreira musical, Hermeto Pascoal trabalhou ao lado de Miles Davis, Elis Regina, Tom Jobim, Edu Lobo, Airto Moreira, Flora Purim, Chick Corea, Zé Ramalho, Herbie Hancock, Alceu Valença, Stan Getz, Fagner e vários outros nomes nacionais ou internacionais que reverenciavam ele. Para atender à demanda da sua carreira internacional extremamente sólida, Hermeto realizava shows em dezenas de países: ele era venerado por fãs de Jazz de qualquer parte do mundo - e, para o artista, esse prestígio espalhado pelo planeta inteiro acabava compensando financeiramente o fato d'esse gênero musical restrito não pertencer ao mainstream.


Hermeto morava no Brasil e costumava explorar muitos elementos típicos da música nacional em suas composições autorais (principalmente elementos do Forró). Porém, mesmo assim, ele era injustiçado por grande parte dos brasileiros e recebia um prestígio muito maior na Europa, nos Estados Unidos e no Japão. 


O último álbum de Hermeto é o aclamado ''Pra Você, Ilza'' - que foi lançado em 2024, como uma homenagem à falecida esposa (e mãe dos seis filhos) do músico. No ano passado, esse trabalho de despedida chegou a vencer o Grammy Latino de ''Melhor Álbum de Jazz'', mas a condecoração mais recente que Hermeto recebeu aconteceu no início de 2025, quando ele venceu o “Prêmio BTG Pactual da Música Brasileira”, na categoria “Melhor Artista Instrumental”. 


Pessoas do mundo inteiro costumam descrever Hermeto Pascoal como um ''gênio da música''. Nós, certamente, continuaremos a fazer isso, mesmo após a morte deste grande artista. 


Fica aqui a minha demonstração de respeito e admiração a um dos maiores gigantes da nossa música!




A coluna de Lucas Couto no Lages Diário tem o patrocínio de:



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