Estudo aponta que auxílio emergencial tirou 13,1 milhões da pobreza
Pesquisa se baseou em dados da PNAD
Covid, do IBGE.
Por CRISTINA ÍNDIO DO BRASIL da AGÊNCIA BRASIL,
Rio de Janeiro/RJ
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Foto: Arquivo / Agência Brasil |
O número de pessoas
com renda per capita abaixo
de meio salário mínimo no país caiu 13,1 milhões até julho de 2020 durante a
pandemia do novo coronavírus (covid-19), segundo estudo da Fundação Getulio
Vargas (FGV).
Coordenado pelo professor
Marcelo Neri, o estudo Qual foi o Impacto Imediato da Pandemia do Covid sobre
as Classes Econômicas Brasileiras?, aponta que esse contingente representa uma
queda de 20,69% nessa faixa de renda, o que equivale a um ritmo muito superior
ao observado no país nos períodos seguintes ao lançamento de planos de
estabilização como o Cruzado, em 1986, e o Real, em 1994.
“O estudo mostra que,
usando a primeira faixa de renda, que é até meio salário mínimo por pessoa, que
é uma faixa importante não só para medir a pobreza, mas é o critério do
cadastro único, que foi usado na concessão do auxílio emergencial, houve uma
queda de 20,69% na proporção da população que está nesse segmento. Então, essas
pessoas subiram. A gente observa que 13,1 milhões de pessoas saíram da
pobreza”, disse o professor Marcelo Neri, em entrevista à Agência Brasil.
O estudo, baseado em
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua Covid 19 (Pnad
Covid 19) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em uma
comparação do ano de 2019 até julho de 2020, também mostrou que em plena
pandemia as parcelas que tinham rendas per
capita acima de dois salários mínimos ou renda familiar em
torno de R$ 7,7 mil perderam 5,8 milhões de pessoas.
“Esse número caiu, então,
tem boas notícias em quem está embaixo e más notícias para quem está em cima.
Essa boa notícia de quem está embaixo está ligada ao auxílio emergencial”,
destacou.
De acordo com a análise,
à faixa até meio salário mínimo somaram-se 52,1 milhões de brasileiros em julho
de 2020, cerca de 24,62% da população total. Em 2019, eram 65,2 milhões de
pobres, correspondentes a 31,04% da população, o que comprova a queda
identificada na taxa de pobreza na pandemia. Já a proporção das pessoas com
rendas maiores ou iguais a dois salários mínimos por pessoa recuou 18,35%,
passando de 15,67% em 2019 para 12,80% em 2020.
Para Marcelo Neri, os
dois movimentos impulsionam o contingente populacional intermediário
compreendido entre os dois intervalos. “O estudo mostrou que 5,8 milhões caíram
da faixa de dois salários mínimos per capta ou mais. Então, o grupo do meio
cresceu duplamente o miolo da distribuição de renda, porque gente subiu e gente
caiu. Isso dá cerca de 21 milhões de pessoas, que é mais ou menos a população
da Argentina”, disse.
Regiões
Segundo o professor, os
maiores impactos foram no Nordeste, onde a queda atingiu 28,7%, e no Norte, com
recuo de 25,12%. Embora menores, houve reflexos também nas outras regiões do
país. No Centro-Oeste, caiu 17,01%, no Sudeste, 9,67%, e no Sul, 9,32%.
Conforme o estudo, as
diferenças são explicadas pela maior importância da renda do Bolsa Família
expressa em valores per capita mensais nas regiões mais impactadas.
No Nordeste, é de R$ 16,6 e no Norte, R$ 14,7. No Sul, é de R$ 2,64 e no
Sudeste, R$ 3,94.
“Teve esse grande ganho
de redução de pobreza no Norte e no Nordeste. É um fato a ser enfatizado. A
gente está falando de uma situação adversa com a chegada da pandemia”, disse.
O professor destacou que
no Norte e no Nordeste é maior o número de beneficiários do Bolsa Família. Além
disso, a informalidade é maior nessas regiões. Esses dois fatores explicam, de
acordo com ele, a diferença de impacto do auxílio em relação às outras partes
do Brasil.
“[As pessoas na
informalidade] passaram a receber o auxílio que é generoso em relação à renda
média do Brasil. O beneficiário do Bolsa Família, mais de 80%, ganha R$ 1,2
mil, que é mais de seis vezes o benefício médio do Bolsa Família, que era R$
191. Foi uma injeção de recursos importante”, ressaltou.
Isolamento
De acordo com Neri, o
estudo analisou também o comportamento nas diferentes classes em relação a
pandemia e chamaram a atenção os resultados sobre isolamento social, em que a
pessoa fica em casa ou que sai apenas para fazer atividades essenciais, com uma
participação surpreendentemente mais forte entre os mais pobres, “o que não se
esperava”.
Para ele, isso também
pode ser um efeito do auxílio emergencial. “O auxilio fez não só com que a
pobreza caísse imediatamente e enquanto durar, mas por outro lado, comportamentos
de mitigação dos efeitos da pandemia como o isolamento social foram até mais
fortes entre os pobres. Isso é mais um sinal dos efeitos do auxílio.”
Conforme o estudo, 27,8%
da faixa abaixo de meio salário mínimo ficaram rigorosamente isolados e 48,3%
ficaram em casa e só saíram por necessidade básica, nível superior em 4 a 5
pontos de porcentagem em relação ao total da população.
Proteção
O estudo avaliou ainda o
uso de equipamentos e produtos de proteção contra o novo coronavírus
(covid-19), como máscaras, álcool em gel e desinfetantes. “Nesse caso a gente
vê que o pessoal mais pobre usou menos, como era de se esperar, mas todos esses
itens, com exceção das luvas descartáveis, que é uma coisa mais seletiva e mais
rara, mais de 92% [da população], mesmo os mais pobres, tiveram acesso. Embora
eles usem menos do que as camadas mais altas.”
Desafio
O professor disse que
esses resultados se referem a uma situação temporária relacionada ao período de
pagamento do auxílio. Agora, segundo ele, tem que ver como o governo vai
conduzir a questão e como será a substituição do benefício.
Neri lembrou que o
assunto está em discussão na equipe econômica e um dos problemas é o custo da
medida. Nos níveis atuais de concessão de R$ 600 ou até R$ 1,2 mil para mães
solteiras e beneficiários do Bolsa Família, o gasto do governo é em torno de R$
50 bilhões por mês.
“A gente não sabe como
vai ser esse processo [da retirada do auxílio]. Tem a discussão do Renda
Brasil, o primeiro estágio é a transição do auxílio ainda em 2020 e depois o
que acontece em 2021. Essa redução da pobreza ajuda a pandemia e à própria
pobreza, mas não é sustentável”, disse.
Na visão do coordenador
do estudo, a situação fiscal brasileira não permite a manutenção de benefícios
dessa magnitude. “Em um certo sentido, o auxílio emergencial também ajudou a
manter a atividade econômica em um nível menos insatisfatório”, disse,
acrescentando que o governo tem um desafio pela frente para definir o que será
feito pós-auxílio emergencial.
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