Doria diz que vacina chinesa pode estar disponível no SUS em dezembro
O imunizante contra a covid-19 está na
terceira e última fase de teste.
Por ELAINE PATRICIA CRUZ da AGÊNCIA BRASIL,
São Paulo/SP
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Foto: Governo de São Paulo / Divulgação |
O governador de São
Paulo, João Doria, disse hoje (26) que a vacina chinesa contra o novo
coronavírus, chamada CoronaVac, poderá estar disponível no Sistema Único de
Saúde (SUS) a partir de dezembro. Isso vai depender de resultados positivos da
terceira fase de testes e de aprovação pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa).
No entanto, nem toda a
população brasileira poderia ser vacinada em dezembro já que a produção ainda
seria insuficiente. A expectativa é que inicialmente sejam disponibilizadas 45
milhões de doses, enviadas pela China.
“Se tivermos esta
terceira fase de testagem bem concluída no final do mês de outubro, ou no
máximo até a primeira quinzena de novembro, já em dezembro deste ano teremos a
vacina disponível para a imunização da população brasileira. Nesta primeira
etapa teremos acesso a 45 milhões de doses”, disse Doria. “Mas com a ressalva
de que precisaremos ter a aprovação dessa terceira fase de testagem e aprovação
também da Anvisa”, ressaltou Doria, em entrevista coletiva hoje no Palácio dos
Bandeirantes, sede do governo paulista.
Depois, caso seja
aprovada, a vacina passaria a ser produzida no país pelo Instituto Butantan,
que tem capacidade atualmente de produzir 120 milhões de doses, o suficiente
para vacinar 60 milhões de pessoas (já que esta vacina seria aplicada em duas
doses). O Butantan busca duplicar a sua capacidade de produção. Para isso ele
precisa de doações de R$ 130 milhões da iniciativa privada. Até o final de
julho, o estado arrecadou R$ 96 milhões da iniciativa privada para dobrar essa
capacidade de produção.
Mas o governo paulista
pensa em aumentar ainda mais essa capacidade de produção do Instituto Butantan.
Por isso, hoje pela manhã, o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, e
o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, estiveram reunidos com o ministro
interino da Saúde, Eduardo Pazuello. Na reunião, eles iriam solicitar ao
Ministério da Saúde o investimento de R$ 1,9 bilhão para aumentar a capacidade
de produção de vacina do Butantan.
Segundo Doria, esse valor
é o mesmo que o governo cedeu à Fiocruz, por meio de uma Medida Provisória,
para aplicação no desenvolvimento da vacina que está sendo desenvolvida pelo
laboratório AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, também em
fase avançada de testes. A transferência de tecnologia na formulação, envase e
controle de qualidade da vacina será realizada por meio de um acordo da empresa
britânica com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculada ao Ministério da
Saúde.
De acordo com Doria, a
reunião de hoje dos representantes do governo paulista com o ministro foi
bastante positiva. “Há uma manifestação bastante proativa em relação ao
Instituto Butantan e descarto qualquer expectativa negativa”, disse ele. “A
CoronaVac já tem 60 milhões de doses garantidas independentemente de recursos
do governo federal. Nosso objetivo, na solicitação desse recurso, é ampliar
capacidade de produção da vacina e também de outras vacinas. Lembro que o
Instituto Butantan produziu 100% da vacina contra a gripe disponível no SUS
este ano”, disse o governador.
A CoronaVac
A CoronaVac está na fase
três de testes, feita em humanos, realizada no Brasil desde julho. Ao todo, os testes com a CoronaVac estão sendo
realizados em nove mil voluntários em centros de pesquisas de São Paulo, Rio de
Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e do Distrito Federal. A
pesquisa clínica é coordenada pelo Instituto Butantan e o custo da testagem é
de R$ 85 milhões, custeados pelo governo paulista.
A CoronaVac é uma das
vacinas contra o novo coronavírus em fase mais adiantada de testes, junto com a
que está sendo desenvolvida pela Universidade de Oxford. Na primeira e na
segunda etapa de testes, o laboratório chinês testou o produto em cerca de
mil voluntários na China. Antes, o modelo experimental aplicado em macacos
apresentou resultados expressivos em termos de resposta imune contra as
proteínas do vírus.
A vacina é inativada, ou
seja, contém apenas fragmentos do vírus, inativos. Com a aplicação da dose, o
sistema imunológico passaria a produzir anticorpos contra o agente causador da
covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus. No teste, metade das
pessoas receberão a vacina e metade receberá placebo, substância inócua. Os
voluntários não saberão o que vão receber.
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