Dia do Meio Ambiente: preservar água é prioridade da Epagri na estiagem
O Estado vive um período
longo de estiagem, considerada em muitos locais uma das piores nos últimos 50
anos.
Por GISELE DIAS da
ASCOM EPAGRI,
Florianópolis/SC
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📷 Epagri / Divulgação |
O Dia Mundial do Meio
Ambiente, comemorado no dia cinco de junho, ganha um aspecto mais relevante
neste ano em Santa Catarina. É que o Estado sofre o impacto da estiagem que se agrava desde janeiro, quando as chuvas
começaram a rarear no território catarinense.
Na agricultura, a falta
de chuvas vem atingindo, sobretudo, a cultura da maçã, que acumula 19% de
perdas, e o milho total, com 10% de perdas, segundo dados do Centro de
Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa). O Centro de
Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de SC (Epagri/Ciram), responsável
pelo monitoramento de níveis de rios e de chuvas, informa que o Estado não
enfrentava uma estiagem tão grande desde 2006.
A Epagri faz o
monitoramento ambiental e do mercado agrícola, além da previsão do tempo, na
intenção de manter os meios rural e urbano alertas para a situação. Nos 292
escritórios municipais da Epagri a mobilização é para sensibilizar famílias
agricultoras e pescadoras para práticas que preservam a água. Por outro
lado, os extensionistas da Empresa que atuam nos municípios também vêm tomando
providências para gerar ou manter pontos de captação de água, na expectativa de
apoiar as comunidades no enfretamento desse momento delicado.
Irineópolis
Em Irineópolis, a Epagri
oferece uma solução “caseira” que vai fornecer água para pelo menos 35 famílias
das comunidades de Rio Vermelho, Santo Antônio 2 e Rio Branco, produtoras de
tabaco, leite e milho. É o modelo Caxambu de proteção de fonte, que será
construído na semana que vem na propriedade do agricultor José Océlio de
Castro.
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📷 Epagri / Divulgação |
A proteção de fonte
modelo Caxambu foi desenvolvida em 2001 pelo geólogo Mariano José Smaniotto e
por extensionistas da Epagri na região de Chapecó, num trabalho conjunto de
entes públicos municipais e estaduais, que incluiu a Prefeitura de Caxambu do
Sul e agricultores da região. Ao longo dos anos foram incorporadas adaptações
que aprimoraram a tecnologia.
O objetivo é proteger a
fonte, também conhecida como nascente ou olho d’água, usando para isso tubo de
concreto, canos pvc, pedras, brita, cacos de telha ou de tijolo, além de outros
materiais. Assim, o modelo Caxambu protege a fonte contra contaminação por
lixo, agrotóxicos, dejetos humanos e de animais. A tecnologia também evita
desmatamentos, protege o solo e ajuda a preservar e recuperar a vegetação
nativa, entre outras vantagens.
Alex Caitan Skolaude,
extensionista da Epagri em Irineópolis, conta que diante da estiagem foi
procurado pelo agricultor José Océlio, que disse ter uma fonte “muito boa” na
área de preservação de sua propriedade. A animação do agricultor, em meio a um
cenário de grave redução na oferta de água, intrigou o extensionista, que se
surpreendeu ao conhecer a nascente. Ele mediu uma vazão de 28 mil litros de
água por dia, o que vai ofertar uma captação de 15 mil litros de água diários.
Após a construção da
proteção da fonte, a água vai ser armazenada numa caixa inicial de cinco mil
litros e distribuída via mangueira para cinco residências. O excedente vai ser
reservado numa outra caixa com a mesma capacidade, essa na beira de uma estada,
permitindo que outras famílias que estejam com problemas de fornecimento
busquem o líquido no local. Alex calcula que por meio desse sistema poderão ser
atendidas uma média de 30 famílias ou mais, caso seja necessário.
A construção da proteção
de fonte modelo Caxambu será feita na segunda semana de junho, com participação
de dois extensionistas da Epagri no município e mais três agricultores,
incluindo o dono do terreno. Em menos de um dia o trabalho estará pronto. A
partir daí a prefeitura de Irineópolis e a Defesa Civil local devem entrar com
as caixas d’água. Mangueiras, tubos, conexões e outros equipamentos para
proteção da fonte e distribuição da água ficam por conta dos agricultores.
A fonte modelo Caxambu já
provou sua eficiência em Irineópolis. Alex revela que, desde 2016, 80 famílias
rurais foram beneficiadas com a tecnologia no município, por meio do Programa
SC Rural. O resultado é que estes agricultores não estão sendo tão afetados
pela atual estiagem.
Palhoça
Não é de hoje que o
Escritório Municipal da Epagri em Palhoça atua para a preservação da água. Em
2006 a Epagri deu início à construção do sistema de captação, filtragem,
armazenamento e distribuição de água da comunidade Santa Cruz do Maciambu. Financiado
com recursos do Projeto Microbacias II, o sistema que ficou pronto em 2008
capta água de nascentes na Serra do Tabuleiro e distribui para 50 famílias
rurais e maricultoras da localidade. A água é potável e 95% do volume é
utilizado para consumo humano.
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📷 Epagri / Divulgação |
Com a estiagem deste ano,
a equipe municipal da Epagri foi acionada pela associação responsável pela
manutenção do sistema, para sensibilizar os usuários sobre a necessidade de
economia do recurso natural. A mobilização junto às famílias está sendo feita prioritariamente
por Whatsapp, para manter o isolamento social recomendado pelo governo por
conta da pandemia da Covid-19, conta Edson Carlos de Quadra, extensionista da
Epagri em Palhoça.
A Epagri também está
orientando a associação para instalação de hidrômetro, que vai apoiar na gestão
da água captada e distribuída. Com o equipamento, será possível verificar o
nível de consumo da comunidade e suas reais necessidades.
Todo o projeto é
desenvolvido em parceria com a Samae e a Secretaria Municipal de Maricultura,
Pesca e Agricultura. Estes órgãos contam com a Epagri para conhecer melhor o
sistema de captação e distribuição de água instalado em Santa Cruz do Maciambu,
a fim de tentar reproduzi-lo em outras comunidades do município. Outra parceira
é a Defesa Civil municipal, na mitigação dos efeitos da estiagem.
O município de Palhoça,
na Grande Florianópolis, é o maior produtor de moluscos de Santa Catarina. Em
2018 produziu mais de oito mil toneladas de mexilhões e ostras. Isso é mais da
metade das 14.178 toneladas produzidas no Estado naquele ano. Além da
maricultura, o município conta com produção agrícola e turismo rural, setores
econômicos que também são assistidos pelo escritório local da Epagri.
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