Pacientes com doenças crônicas precisam de atenção especial
Com epidemia de
coronavírus, muitos precisam sair para tratamentos.
Por ALANA GANDRA da
AGÊNCIA BRASIL,
Rio de Janeiro/RJ
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📷 Marcello Casal Jr. / Agência Brasil |
Em meio ao isolamento
social determinado para evitar a disseminação do novo coronavírus, como ficam
os pacientes oncológicos, que são submetidos à radioterapia e quimioterapia
fora de suas residências, e os pacientes renais crônicos, que também precisam
sair de casa para fazer hemodiálise, geralmente três vezes na semana, com
duração de três a quatro horas por sessão?
De acordo com o médico
Gelcio Mendes, titular da Coordenação de Assistência (Coas) do Instituto
Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), vinculado ao Ministério
da Saúde, os primeiros cuidados que a instituição está tendo com os pacientes
oncológicos são as medidas gerais para evitar a disseminação do vírus. Entre
elas, isolamento social, lavagem frequente das mãos, etiqueta de espirro.
Gelcio Mendes esclareceu
hoje (27), em entrevista à Agência Brasil, que seguindo as recomendações
das agências internacionais e dos grandes centros de tratamento de câncer em
todo o mundo, o grupo de médicos do Inca está evitando tratamentos que detenham
uma maior depressão da imunidade, em especial nos pacientes mais frágeis. “A
gente tem tentado ser cada vez mais criterioso no Inca, no sentido de poupar
pacientes com menores chances frente à quimioterapia de receber esses
tratamentos imunodepressores”.
Higienização
Por outro lado, o
Inca está mantendo os tratamentos com proposta de cura e os tratamentos
nos pacientes que apresentam melhor estado geral. “Nos pacientes que estão com
bom estado geral, com as funções orgânicas excelentes, nós temos mantido os
tratamentos, tanto de quimioterapia, como de radioterapia”. Gelcio Mendes
explicou que, na radioterapia, o Inca adotou algumas medidas de
higienização adicional do equipamento utilizado.
O Inca está adiando
consultas de acompanhamento e de controle, “na lógica de deixar os ambientes
hospitalares mais vazios e diminuir o risco de contágio entre as pessoas”.
Consultas que possam ser feitas daqui a dois ou três meses, o instituto está
adiando.
Em relação às cirurgias,
o Inca está tentando manter, até o momento, os procedimentos cirúrgicos
programados, mas está evitando aqueles procedimentos muito agressivos que
demandam UTI no pós-operatório, porque já está prevendo que, em algum momento,
esses leitos de UTI possam ser requisitados para o tratamento de pacientes com
a covid-19. “A gente está sendo bastante criterioso nesse sentido”.
Mendes explicou que, ao
mesmo tempo, procedimentos que necessitam de reconstrução, como no caso de
câncer de mama após uma mastectomia, e a reversão da colostomia, estão sendo
remarcados porque, se não forem feitos agora, mas daqui a alguns meses, o paciente
não tem nenhum prejuízo do ponto de vista do funcionamento do organismo.
Já os pacientes que estão
sendo submetidos à quimioterapia e à radioterapia não devem suspender o
tratamento. “Até porque o câncer não espera. Suspender o tratamento por três
meses, por exemplo, significa estar retirando daquele paciente oportunidades de
ter um bom resultado desse tratamento. Nós estamos trabalhando com essa
lógica”. O coordenador de Assistência do Inca disse que as equipes da
instituição, compostas de cirurgiões oncológicos, radioterapeutas,
infectologistas, estão constantemente monitorando o que está acontecendo na
sociedade, de modo a intervir o quanto antes se, em algum momento, a equipe
perceber que não consegue manter a segurança do paciente, porque isso significa
que é preciso mudar o rumo adotado.
Pacientes terminais
Para os pacientes cujo
quadro não é positivo, o que se torna mais evidente em oncologia, Gelcio Mendes
afirmou que os tratamentos têm uma taxa de sucesso, ou seja, um percentual das
pessoas pode ter um bom resultado, e outro pode ter complicações. “Muitas
vezes, esses percentuais são muito próximos. Ou seja, quem efetivamente se
beneficia do tratamento e quem, efetivamente, pode ter efeitos colaterais mais
graves, mais sérios”.
No momento, o Inca está
tentando limitar ao máximo o tratamento naqueles indivíduos cuja probabilidade
de benefícios é menor e a probabilidade de complicações, de efeitos colaterais,
é maior. Nesses pacientes, Gelcio Mendes admitiu que há risco de a doença
avançar.”Geralmente é uma minoria de pacientes para os quais o instituto vem
tentando naturalmente diminuir a oferta de tratamento que tem pouca ou nenhuma
eficácia. Os pacientes terminais, chamados pacientes com cuidados paliativos,
merecem todo o tratamento que inclui remédio para dor, oxigênio, terapia,
fisioterapia. Toda essa linha de cuidado é mantida, mas são pacientes que já
não devem receber nem quimioterapia, nem radioterapia, nem cirurgia. “Mas são
pacientes do Inca como todos os outros”, ressaltou o médico.
Indagado quanto ao risco
de contrair a covid-19 pacientes que têm de sair de suas casas para se submeter
a tratamentos de quimioterapia ou radioterapia, durante a quarentena imposta
pelas autoridades em razão do novo coronavírus, o coordenador de Assistência afirmou
que o risco de pegar o vírus existe, embora já esteja se observando nas cidades
e nas ruas uma grande diminuição do trânsito de pessoas. Por isso, o instituto
tem recomendado a estratégia da etiqueta do espirro, da lavagem das mãos e, em
alguns pacientes, o uso de máscaras cirúrgicas que não protegem 100%, mas
diminuem o risco de contrair doenças.
Gelcio Mendes informou
que a população pode conhecer mais as ações que vêm sendo tomadas pelo
Inca na página do instituto na internet (www.inca.gov.br), com orientações
para os pacientes e com informações de qualidade e sempre atualizadas e
acessíveis para a comunidade.
Renais crônicos
O presidente da Sociedade
Brasileira de Nefrologia, Marcelo Mazza, disse à Agência Brasil que
os pacientes que fazem diálise e hemodiálise não têm a possibilidade de se
isolarem socialmente, como recomendam as autoridades sanitárias e de governo,
porque têm de ir três vezes por semana a uma unidade de hemodiálise e fazer seu
tratamento. “Esse deslocamento, essa saída, faz com que esses pacientes sejam
mais expostos ao vírus”, comentou. Diálise é a técnica que visa suplementar as
falhas da função renal de certos indivíduos que não conseguem eliminar água e
produtos de excreção do sangue, Hemodiálise é um processo no qual uma máquina
limpa e filtra o sangue do paciente renal, fazendo o trabalho que um rim doente
não consegue fazer.
Mazza informou que quando
se teve notícia do segundo óbito no país pelo novo coronavírus, a SBN se
antecipou e divulgou um posicionamento sobre a ida desses pacientes aos centros
de hemodiálise. “Pacientes com febre e sintomas respiratórios que lembrem
infecção pelo coronavírus devem entrar em contato com a clínica. Lá, vai ser
feita uma triagem com relação a isso e, se esse paciente é suspeito, medidas vão
ser tomadas do ponto de vista clínico, sobre se ele vai continuar seu
tratamento na clínica ou, se tiver sinais que impliquem em internamento, ele
será internado”. Mazza destacou que existem medidas a serem tomadas também
dentro da clínica, para evitar contaminação para a equipe e para outros
pacientes.
Sobrevida
O presidente da SBN
deixou claro que os pacientes renais crônicos têm que fazer o tratamento
durante a quarentena, para garantir sobrevida. A disponibilização dos tubos
capilares e dos equipamentos de proteção individual depende de auxílio das
autoridades, entre as quais o Ministério da Saúde, no sentido de prover
financiamento e os recursos para que as unidades de saúde possam se adaptar,
principalmente nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, onde o número de
casos tem aumentado, afirmou Marcelo Mazza.
Segundo ele, os pacientes
necessitam fazer o tratamento, ou seja, “eles não sobrevivem se não forem à
hemodiálise fazer esse tratamento pelo menos três vezes por semana. Essa é a
preocupação da SBN, de alertar que eles não podem ficar em casa. Eles
necessitam realizar esse tratamento”. Uma sessão de hemodiálise dura em torno
de três a quatro horas.
Mazza informou que a
maioria dos pacientes fazem hemodiálise pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Precisam pegar um transporte que, muitas vezes, é cedido pelas secretarias
municipais de saúde, e vão em grupos para as unidades de diálise. Muitos,
inclusive, gastam um dia inteiro entre ir para a clínica e retornar à sua casa,
incluindo as horas do tratamento.
A SBN já endereçou
documento ao Ministério da Saúde e aos parlamentares, no sentido de alertar que
devem olhar para essa população com mais atenção porque essas pessoas não têm
como ficar em casa. “Vão na contramão das orientações e estão sob um risco maior.
São, na sua maioria, diabéticos, pacientes já idosos, mas têm que fazer seu
tratamento”.
Atualmente, mais de 130
mil brasileiros fazem hemodiálise em todo o país. Marcelo Mazza informou ainda
que houve elevação dos preços dos insumos relacionados à diálise “Esses
pacientes que fazem diálise precisam de medicamentos que evitem a coagulação do
sangue, luvas, gases. Isso também teve um aumento quase estratosférico. São
mais despesas, na verdade, que estão relacionadas ao procedimento e a uma
diálise que está subfinanciada”. Lembrou ainda que nessa situação de pandemia
de coronavírus, há uma população altamente suscetível a desenvolver essa
doença, que são os pacientes renais crônicos.
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