Mortes por novo coronavírus sobem para 57 no Brasil
Covid-19 tem a taxa de
letalidade de 2,4% no Brasil.
Por JONAS VALENTE
da AGÊNCIA BRASIL,
Brasília/DF
![]() |
📷 Marcello Casal Jr. / Agência Brasil |
O número de mortes
decorrentes do novo coronavírus (covid-19) chegou a 57, conforme atualização do
Ministério da Saúde publicada hoje (25). Pela primeira vez desde o início da
pandemia, foram registradas mortes fora dos epicentros do surto no país, São
Paulo e Rio de Janeiro. Falecimentos em razão da covid-19 ocorreram em
Pernambuco, no Rio Grande do Sul e no Amazonas.
O total de mortes marca
um aumento de 11 em relação a ontem, quando a contabilização marcava 46 vítimas
que vieram a óbito por conta da infecção. Na segunda-feira, eram 25
falecimentos.
Do total, 48 foram em São
Paulo, seis no Rio de Janeiro, uma no Amazonas, uma no Rio Grande do Sul e
uma em Pernambuco.
O total de casos
confirmados saiu de 2.201 ontem para 2433 casos. O resultado de hoje marcou um
aumento de 28% nos casos em relação ao início da semana, quando foram
contabilizadas 1.891 pessoas infectadas.
Como local de maior
circulação do novo coronavírus no país, São Paulo também lidera o número de
pessoas infectadas, com 862 casos confirmados. Em seguida, o Rio de
Janeiro (370), Ceará (200), Distrito Federal (160), Minas Gerais (133) e Rio
Grande do Sul (123).
Também registram casos
confirmados Santa Catarina (109), Bahia (84), Paraná (81), Amazonas (54),
Pernambuco (46), Espírito Santo (39), Goiás (29), Mato Grosso do Sul (24), Acre
(23), Sergipe (16), Rio Grande do Norte (14), Alagoas (11), Mato Grosso (oito),
Maranhão (oito), Piauí (oito), Roraima (oito), Tocantins (sete), Pará
(sete), Rondônia (cinco), Paraíba (três), e Amapá (um).
O Ministério da Saúde recomenda o isolamento a quem
apresenta sintomas da covid-19 e a moradores da mesma residência do
paciente sintomático, bem como a idosos acima de 60 anos, pelo prazo de 14
dias. Uma vez terminado esse período, não haveria mais necessidade da medida, a
não ser em casos de uma condição médica específica.
Pronunciamento
O ministro da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta, aproveitou a entrevista coletiva de divulgação dos números
para falar sobre rumores de que sairia do cargo. “Hoje especularam se eu ia
sair. Eu saio daqui na hora que acharem que não tenho que trabalhar ou se eu
tiver doente ou no momento que eu achar que o período de turbulência já tenha
passado e [meu trabalho] não seja mais útil”, respondeu.
O titular da pasta falou
sobre a temática abordada pelo presidente Jair Bolsonaro em seu pronunciamento ontem, quando o
presidente criticou as medidas de isolamento social estabelecidas pelos
governadores e o fechamento de escolas. Mandetta classificou de uma “grande
colaboração” e ponderou as iniciativas de quarentena determinadas por governos
estaduais.
“Quarentena sem prazo
para terminar vira parede na frente das necessidades das pessoas que precisam
comer, ir e vir, obter gêneros, pois isso faz parte da sobrevivência. As
questões econômicas são importantíssimas e fazem parte da fala do presidente.
Se não tivermos preocupação, essa onda vai ter uma onda maior com crise
econômica”, declarou.
Sobre o chamado
“isolamento vertical” proposto pelo presidente, que atingiria apenas idosos e
pessoas com doenças crônicas, o ministro informou que a ideia está em estudo
pela equipe da pasta. Ele defendeu que é preciso ter uma coordenação e um
debate conjunto entre Executivo e administrações estaduais acerca dessas
medidas.
“O que nós da saúde
queremos é fazer de uma maneira organizada. Para que a gente traga junto e
façamos juntos uma proposta nacional. Quando o número estiver aqui, vai
acontecer isso, quando tiver aqui, vai ocorrer aquilo. Quais são as atividades
econômicas essenciais?”, disse.
Mandetta deixou a
entrevista coletiva após a apresentação inicial. Perguntado se haveria alguma
mudança na orientação do Ministério da Saúde após o pronunciamento, o
secretário executivo da pasta, João Gabbardo dos Reis, afirmou que ela
continua, por enquanto, conforme vem sendo apresentada.
“A pasta não vai fazer
nenhuma mudança na sua sistemática. A pasta está estudando todas as
possibilidades. Pacientes sintomáticos devem permanecer em isolamento com
familiares, assim como idosos mais de 60 anos. Quando for necessária a saída,
ok. A circulação deve ser a menor possível no sentido de não haver
aglomerações”, disse.
Recursos
Gabbardo lembrou que o
novo coronavírus é um problema “nem tanto pelo número de óbitos, mas pelo
ataque ao sistema de saúde”. Neste sentido, a equipe do ministério anunciou o
repasse de R$ 600 milhões a estados e municípios. O direcionamento será
definido a depender da situação de cada unidade da federação, pois em algumas
delas a rede hospitalar é gerida pelo estado e em outras, por prefeituras. O
valor a ser recebido por cada cidade ficará entre R$ 2 e R$ 5 por habitante.
Os representantes do
Ministério da Saúde trataram também de uma das grandes preocupações do
profissionais de saúde: a disponibilidade de máscaras. Foram adquiridos 40
milhões de máscaras. Desse total, 2 milhões já foram remetidos aos estados e 8
milhões estão a caminho. Os estados do Norte e Nordeste estão tendo mais
dificuldade pela baixa disponibilidade de voos.
Além disso, 540
respiradores (itens importantes para a montagem de leitos hospitalares) foram
comprados, sendo 200 já entregues para São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais
e Rio Grande do Sul.
Hidroxicloroquina
Os gestores também
anunciaram que passarão a adotar hidroxicloroquina em pacientes internados em
razão da covid-19. O remédio é utilizado normalmente para tratamento de malária
e foi cercado de expectativa e rumores no tocante ao novo coronavírus. O
secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos, Denizar Vianna, destacou que a
substância pode ser usada apenas em unidades de saúde.
“Não usem medicamento
fora do ambiente hospitalar. Não é seguro. Durante o medicamento pode ter
alteração do ritmo do coração. E isso tem que ter acompanhamento hospitalar”,
enfatizou.
Comentários
Postar um comentário