Bolívia tenta fortalecer relação com Espanha após conflito diplomático
Embaixadores da União
Europeia e da Bolívia se reuniram em La Paz.
Por MARIETA CAZARRÉ
da AGÊNCIA BRASIL,
Montevidéu/URU
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📷 REUTERS/Danilo Balderrama/Direitos reservados |
A chanceler boliviana,
Karen Longaric, anunciou que enviará o vice-ministro das Relações
Exteriores, Gualberto Rodríguez, para assumir o cargo de encarregado de
Negócios em Madrid. O gesto busca restaurar e fortalecer as relações com país
europeu, após desgaste criado com o incidente na embaixada mexicana em La Paz.
Jeanine Áñez,
presidente interina da Bolívia, afirmou que o país "deseja superar
este impasse o mais brevemente possível e manter estreitas relações com o Reino
da Espanha, como tradicional respeito e amizade que sempre as
caracterizaram”.
O anúncio aconteceu
depois de uma reunião entre embaixadores dos países membros da União
Europeia e a chanceler boliviana, em La Paz, para dialogar
sobre a expulsão de diplomatas da Espanha e do México. A medida,
tomada pelo governo boliviano há quatro dias, foi duramente criticada
pela UE, que considerou que "a expulsão de diplomatas é uma medida extrema
e inamistosa que deve ser reservada para situações de gravidade".
A reunião contou com
a presença do vice-chefe da delegação da UE em La Paz, Jörg
Schreiber, além de uma dezena de diplomatas europeus. Após a
reunião, Schreiber disse à imprensa que foi "um diálogo muito
aberto, construtivo e honesto, que ajudou a esclarecer a situação"
e afirmou que será mantida uma boa "relação com o governo interino
boliviano".
No início desta semana,
a Bolívia havia declarado personas non gratas a
encarregada de Negócios da Embaixada espanhola, Cristina
Borreguero, e o cônsul espanhol, Álvaro Fernández. Além deles, a
embaixadora mexicana na Bolívia, Maria Teresa Mercado, também recebeu ordem
para deixar o país em 72 horas.
Longaric,
chanceler da Bolívia, reiterou que esse incidente não afetou as
relações bilaterais entre os dois países. "Este governo nunca
faria uma determinação extrema dessa natureza (de romper relações com
a Espanha); simplesmente a decisão foi de retirar a
confiança em um funcionário diplomático, o que não implica afetar as
relações com seu país", afirmou.
Entenda o caso
No dia 27 de
dezembro, dois diplomatas espanhóis (Cristina Borreguero e Álvaro
Fernández) foram à embaixada mexicana em La Paz para uma reunião com a
embaixadora Maria Teresa Mercado. No portão de entrada, houve tensão entre
policiais bolivianos e agentes espanhóis que acompanhavam os diplomatas.
A polícia
boliviana teria tentado impedir a entrada do veículo diplomático pois os
seguranças que fazem a escolta dos funcionários da embaixada espanhola estariam
encapuzados. Apesar da tensão, os diplomatas espanhóis puderam entrar na
embaixada mexicana.
Na residência oficial
mexicana estão asilados, desde novembro, cerca de uma dúzia de
ex-funcionários do governo Evo Morales, vários deles acusados pelo governo de
Áñez por crimes como terrorismo.
A Bolívia interpretou o
acontecido como uma tentativa dos diplomatas de favorecer a fuga dessas
autoridades ligadas a Evo Morales, acusação rejeitada pelo governo espanhol
desde o início. De acordo com a Espanha, se tratava de uma visita de cortesia e
os diplomatas estavam acompanhados de escolta por segurança.
A decisão
boliviana de expulsar os diplomatas foi interpretada como um gesto
hostil e, em retaliação, o país europeu também expulsou três
diplomatas bolivianos.
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